Antes de tudo, quero novamente frisar que, no meu entender, não deve-se usar as palavras tirando-as dos seu contexto ou de forma a que sua essência se perca no limbo da necessidade de massagem de ego, especialmente se a palavra se deriva de Kabbalah, ou de sua raiz hebraica, קבלה , já que, um dos princípios fundamentais da aplicação do seu ensinamento é justamente supressão do ego.
Então, gosto sempre de lembrar que, se não traz alguma referência ao estudo da espiritualidade, que significa a busca de verdadeira felicidade, esta que não doi no coração, na alma nem no bolso do outro e que dura para sempre, balizado pela Torá, תורה, no seu sentido mais amplo, que compreende parte de antigo testamento, talmud outros livro sagrados, especialmente o Zohar (ספר הזהר e Sepher Yetzira (ספר יץירה) e o estudo do caracter sagrado do alfabeto hebraíco, palavras como cabala, cabalista, cabalístico, etc…estão sendo, com certeza, erroneamento empregadas.
Nos dias de hoje, onde o facebook demonstra diariamente a urgência dos ativistas sociais em entender o sentindo da vida, se nos nos afastamos da essência, da raiz das palavras, construiremos paraísos igualmente desprovidos de essência e raiz e , portanto, obrigatoriamente ilusórios e efêmeros.
Isto posto, parece que hoje em dia, virou normal, padrão, jogar cartas para entender o destino, perguntar ao Tarô, “o que será de mim, dele, de nos amanhã”, com a mesma facilidade que fadas de contos perguntam ao espelho, se são as mais lindas do reino
Não quero aqui revelar todos os segredos da advinhação, nem manual de uso de baralhos, mas dar umas dicas, para permitir balisar o estudo de quem tiver real interesse, respondendo a uma pergunta que me fizeram e que deve estar na cabeça de muitos pois ouço essas palavras quase todos os dias.
“Qual é a relação entre Tarô e Kabaláh?”. (notem que essa grafia é proposital)
E quero responder a essa pergunta antes que alguém me inventa um curso de “interpretação cabalistica de tarô quântico” !.
Alias, desta vez passa o uso do “quantico”, podemos até achar no final dessa leitura, que isto não seria completamente desprovido de sentindo, pois “quântico” leva a energia e os estudos da numerologia e da astrologia que são assuntos realmente cabalísticos, e que são justamente a base do Tarô, são na verdade estudos das energias do universo e das suas representações. Quando lemos uma carta e tentamos interpretar seu simbolo, estamos na verdade procurando entender sua energia e sua relação com energia do consulente para poder entender de que forma a lámina responde à pergunta que lhe foi feita.
Pois então, existe relação entre Kabalah e Tarô ?
Pois Então ?
A relação é tão obvia não é não ? T.A.R.O, T.O.R.A…. são anagramas.
Quanticamente (rs), são iguais, mesmas letras, pelo menos em portugues e outras linguas latina, então carregam a mesma energia. São duas roupagem diferentes que vestem de misticismo o mesmo sentido, para que só os de coração verdadeiro possam desvendar seus misterios e aplicar seus conhecimentos.
O Tarô, permite a aplicação prática da Tora.
Mas cadê a kabalah ? heim ? pois está em cada carta !
Primeiro, observamos que o baralho de tarô, e aqui não falamos de baralho cigano, é formado de dois conjuntos de cartas:
Os arcanos maiores que formam as 22 primeiras cartas e os arcanos menores, estes organizados em 4 naipes.
22 e 4, números esses, verdadeiramente cabalísticos.
22 é o numero da quantidades de letras do alfabeto hebraico, que sabemos, são muito mais de que representações de possibilidades de sons que, agrupados, permitem escrever palavras. O Sefer Yetsirá livro escrito por Abraão nos primórdios das nossa cultura espiritual, nos ensina que cada letra, na verdade é um simbolo que materializa as energias essenciais que mantem o universo em harmonia, e que representam as energias dos planetas e das constelações que formam e controlam o Zodiaco tão querido nos dias de hoje.
Portanto, cada vez que escrevemos, mentalizamos, utilizamos de alguma forma uma letra do alef-beth, o alfabeto hebraico, materializamos as energias do universo.
Não existe coincidencia.
22 cartas, porque são 22 as letras, porque são 22 duas as energias astronómicas que permitem o equilíbrio do mundo, e portanto, influenciam a vida nele.
4 são os naipes, como 4 são as letras que compõe na biblia original o mais elevado dos nomes de D.eus. Esse nome de tão poderoso que não pode ser pronunciado, יהוה, iud, hey, vav, hey, o tetragrama, a chave sagrada do sopro da vida.
4 letras que aparecem ao longo do antigo testamento, para nos lembrar constantemente que, se são 4 as letras de que precisamos para chamar a D.eus é porque também, de 4 partes é formada a nossa alma incarnada (Nefesh, Ruach, Neshama, Chaya), as do corpo, do coração, da mente e da mente metafísica. São 4 as emoções principais, com as quais nossa jornada na terra nos obriga a lidar e suas tentações a dominar, a ação, a emoção, o raciocínio e a entrega espiritual. Como 4 são as energias principais que agrupam e organizam o zodíaco: Terra, Ar, Água e Fogo.
Quando olhamos um pouco mais de perto para os arcanos maiores, percebemos, que na verdade são 22 cartas, mas que a carta do louco carrega o número 0. O zero representa o que não existe, o vazio. Não tem letra com o número 0 em qualquer numerologia já que o zero não agrega nenhum valor, portanto não soma nenhuma energia. Podemos então deduzir que o louco não e parte da sequencia, e devemos compreender que são na verdade 21 cartas mais 1 (22 = 21 + 1).
E não precisa ser mestre em algebra, matematica, estudar kabalah ou outras escolas esotéricas a procura dos segredos do universo para perceber que 21 = 7 x 3.
Os arcanos maiores são 3 grupos de 7 cartas mais o louco.
Mais uma vez números cabalisticos….
7 é na bíblia a quantidade de dias que levou a criação do universo. também são 7 na kabalah as dimensões da arvore da vida alcançáveis ao ser humano incarnado e pelas quais precisa ele transitar para equilibrar suas emoções para poder voltar ao reino de Deus.
3 como a santa trindade talvez, mas também 3 como a soma do principio masculino do feminino e do neutro, como o início, o meio e o fim. 3 como a these a antithese e a sintese, mas 3 também, como ensina a kabalah, se existe a direita que representa a força do compartilhamento e a energia da entrega, e a esquerda que representa a vontade de receber e a energia do ego, o equilibrio somente se encontra no meio. Como os mostram os dois polos, o sul e norte, quando se encontram somente conseguem se repelir, o masculino e o feminino somente se harmonizam de verdade quando, na sua união, nem o 1, nem o 2 somem, mas que nasce um 3, tanto quanto D.eus pai e seu filho somente se harmonizam no espirito Santo.
Olhando agora para as cartas, vemos que a primeira, numero 1 é o mago e a 21a é o mundo, o universo.
Observando mais em detalhe, com os olhos na carta e a cabeça na Kabalah, percebemos que a carta do mago, numero 1 tem a mesma formação igual à letra 1 do alfabeto hebraico, o aleph: א.
O mago é sempre desenhado com um braço apontado para cima e outro para baixo, tendo a sua frente uma mesa com là, os 4 elementos. A Kabalah ensina que a letra Aleph é formada de 2 simbolos curvos invertidos , um apontando para cima e outro apontando para baixo, ligados a um traço no centro, sendo este representação da Tora, o ensinamento do sentido da vida. E estiliza assim na letra, o homem, procurando sua conexão entre o mais alto a sua direita e a esquerda, sua conexão com o mundo material.
O mago, a carta um, representa o arquiteta maior planejando, organizando a criação do universo com seus principais elementos.
Observando cada uma das carta percebemos que nos contam uma história, de uma descida, a do homem que cai, do mundo espiritual na terra e precisa buscar sua identidade, isolado de todos como o eremita, lutar contra seus instintos, encontrar força, justiça até que gire a roda da sua fortuna e possa elevar-se novamente até reencontrar com o Pai e dominar o mundo.
E não seria o louco, como um aprendiz a monge que procura entender o sentindo da vida, senão um homem incompreendido em busca de um equilíbrio interior que ninguém entende ?
E quando percebemos que tanto quanto o Mago é a imagem do Aleph, todas as cartas são ilustrações das 22 letras do alfabeto, entendemos que cada uma traz, portanto, a energia dos astros e das constelações que formam o universo.
O baralho é o resumo da vida.
Os arcanos maiores do tarô, baseados nas letras do alfabeto sagrado, escrevam nossa história, nossa caminhada, em 3 etapas, cada uma de 7 passo, 21 tropeços e 21 glórias, no intento de controlar nossas emoções, nossos instintos, dominar as 4 energias essenciais, ilustradas pelos 4 naipes, Copas, Ouros, Espadas, Bastões, cada qual numera, como uma escada, os degraus da nossa elevação interior.
É a aventura do homem espiritual, da sua caída à sua volta para casa, da conquista da verdadeira alegria, da reunião com a luz do criador, percorrendo um a um os 22 caminhos da árvore da via.