Amar é um deserto…
Enxergar amor verdadeiro, aquele que une os casais para sempre, é muito difícil.
Carência, insegurança, influência do mundo externo, que vêm com todo orgulho e vaidade, impedem muitos de nos de reconhecer, naquele que vem com carinho e respeito embrulhados num sentimento eterno, a mão que precisamos segurar para poder trilhar o caminho de alegria que o universo coloca à nossa frente.
Amar é um deserto mas nenhum ser humano é uma ilha.
Um lar não, nada é, além de paredes, se se deitam ali corações que não cantam em sintonia, que batucam descompassados. Muitos fazem juras de amor e perdem todo o tempo do mundo se fazendo mal por querer ver nos olhos do parceiro, o que esperam deles mesmos.
O Amor liberta o coração para que possamos ajudar a outra pessoa a ser quem ela veio para ser, e não o que acreditamos em querer. É um compromisso de ombro amigo e de braços para carregar as cruzes para sempre.
O Amor é um trem sempre azul, um expresso para o oriente, com um destino muito além de Istambul.
Mas o amor não sempre é pontual. As vezes nos deixamos distrair pelas belezas dos arredores, e quando chegamos à estação, o trem já se foi.
Ela e eu, somos ciganos e muito caminhos já percorremos, ônibus, trens, navios e aviões adentramos, em muitas estações esperamos, e a areia de tantos desertos, acumulada na barra da calça, aquela que fere a sola do pé, ensina.
De tanto em cidades chegar e, em suas fontes parar para beber, vivi o suficiente para saber reconhecer a minha estrada e pelos olhos de quem quero enxergar o horizonte.
E, como sua preferência a levou a comprar uma passagem só de ida em um outro navio, eu também deixarei a minha ilha.
Largarei as amarras, içarei as velas e irei desbravar os oceanos, dobrarei o cabo de hornos no inverno, descobrirei Boa Esperança, Singapura e a baia de Ha Long, cruzarei o mar da Tasmania…
Nunca haverá deserto em meu coração, mas um lar feito das pétalas de milhares de rosas, e confesso que, em todos os portos em que atracar o meu barco, da Guanabara até Gibraltar, caminharei à beira do cais, na areia, perto do mar, para ver se ela por ali passou e garantir que nenhum plebeu, nunca confunda o seu olhar com o azul do céu.
Ashnah
15/04/2020 at 22:18Eu vou ler e reler e tenho certeza que todos os dias daqui em diante terei uma compreensão diferente de tudo que já pensei sobre o amor …
Mais ousada , mais sensível , mais realista … mais liberta …
Gratidão ❤️