Hoje acordei cansado.
Então me lembrei de que meu irmão mais velho, aquele cigano “fuerte como el toro bravo de andalucía, mas que tien el corazón mayor que toda la España”, me disse certa vez:
“Todos los hombres nascem com uma pedra amarrada à perna. E quando seus passos travam, e vêm a nos, para pedir ajuda, queremos ensiná-los a cortar a corda, mas muitos não conseguem, então a carregamos juntos”.
Acordei cansado…
Não tanto de puxar a minha, que já diminuiu bem de tamanho e hoje cabe no bolso da minha calça, nem de ajudar os outros a carregar todas as suas, mas porque, em gratidão e o maior dos carinhos, acabam eles por ofertar um pedaço de cada uma delas, achando que são pedras fundamentais, de tanta alegria que sentem ao perceber a leveza delas quando as seguramos à quatro mãos e acreditam que é com essas que devamos, todos nos, pavimentar o caminho da felicidade.
Acordei cansado, porque caminhando nelas, sangram meus pés, já acostumados com a fofura dos gramados abençoados pela água da divina chuva da vida.