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Qual é limite dos limites ?

Qual é limite dos limites ?

Hoje aconteceu uma situação interessante no treino.


Meu adversário colocou a bola em jogo efetuando um ótimo saque, empregando ótima técnica que eu sabia não ser tão comum para ele.
E eu devolvi a bola sem muita dificuldade, também satisfeito pela sensação que proporcionou essa jogada e a fluidez da troca de bolas.
No entanto a bola dele passou ligeiramente da linha e de a acordo com a regra, deveríamos ter parado o ponto. Mas eu decidi continuar, certo que, para ele e, em menor grau para mim, era mais interessante aproveitar um momento de construção de autoestima de que interromper um fluxo de elevação de confiança fazendo cumprir a lei a risco.

Continuamos jogando o ponto, mas ele ficou na dúvida, questionou e acabamos, como o pede a ética, do jogo por voltar o ponto, de um comum acordo.

Mas isso me fez questionar a relatividade dos limites.

O limite é necessário pois sem o limite não a possibilidade de convívio coletivo.

Sem o limite imposto pelo farol vermelho não haveria transito que flua em nenhuma cidade do mundo, nem faixa de pedestre segura para poder atravessar a rua. Pode parecer bobagem, mas há países em que não precisa de faixa. Pisou fora da calçada, todos os carros vão parar para deixar a pessoa passar, com ou sem farol. Existe uma cidade, alias onde eu cresci, que alterou a lei de transito para dar preferência de passagem aos cavalos, pois lá criação e treinamento são a base da economia e da cultura local.

Aqui no Brasil, se atravessa na faixa ou fora da faixa, farol fechado ou aberto, tanto faz, depende da pressa, e de seu apreço à vida.
Podemos ver, portanto, que há uma relação direta entre limites, ética e cultura e que sem uma compreensão dessas variáveis não seria possível qualquer forma de socialização. É ali que intervém a lei. Por mais mal entendida que seja, a lei, a princípio, vem para garantir a melhor forma possível de harmonização coletiva.


E se alguns vivenciam sua aplicação como um afronto à liberdade individual porque entendem que a realização dos seus desejos prevalece sobre o respeito do bem estar ou da necessidade do outros. Sem a lei não haveria possibilidade de liberdade porque a sua liberdade há de terminar onde começa a liberdade do outro.


Isso é a base da democracia que, antes de atentar-se a obrigatoriedade da divisão dos poderes, precisa olhar para garantia coletiva do bom equilíbrio, do bom compromisso das liberdades individuais. Compromisso esse que há de ser chancelado pelo senado, garantidor que, de acordo com a constituição, a lei reflita os valores essenciais da nação.Só quis plantar aqui uma semente para outras conversas a medida que se aproximem as eleições no Brasil, mas não e absolutamente relevante agora.


Relevante é que hoje e todos os dias ouvimos que alguém desrespeitou a liberdade de expressão ou a santa liberdade de atuação de um indivíduo e ao mesmo tempo, em outro lugar ou situação, algum outro se sentiu invadido, roubado, violentado.


Isso obriga a questionar :

Qual é o limite do limite ?

Quando posso ou não posso tomar o iogurte que esta na geladeira coletiva do coworking, da republica ou da casa em que vivo sabendo que não fui eu quem comprou ? Quando é que minha mensagem no WhatsApp passou do limite ? Há ou não há roupa que passe do limite ao ponte de fazer alguém olhar fora do limite ? Quando foi que beijar o rosto dela passou do limite ? (sim ela de novo). Quando é que o Não que não foi dito não expressou um limite que qualquer um deveria ter entendido ? Quando o limite é educação ou repressão ?


Parece óbvio, mas não é.

Não tenho respostas para essas e todas as outras perguntas que o também óbvio limite da falta de entendimento e de ensino de ética levantam e vou deixar no ar para a reflexão de cada um.


Mas adianto, me baseando novamente no jogo, um esboço de resposta que me parece relevante.

A ética do tênis ensina que havendo dúvida, basta observar a marca deixada pela bola e se a marca confirma um erro de arbitragem, então volta-se o ponto. É simples e todos concordam.


É acredito que na vida, especialmente nos relacionamentos humanos, também é a marca que ensina o limite.

Na dúvida, olhemos o quanto funda foi a marca que deixamos no corpo, no coração, na mente e o impacto que teve na vida do outro para aprender o respeito dos limites e suas consequência.

Pois ao contrario da quadra, na vida, passar a vassoura na marca não garante sempre apagar a dor.

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